Noite passada tive um sonho, e não desses tipos de sonhos que nos lembramos de forma fragmentada, ou do tipo que podemos dizer que seria irrelevante ou os famosos barriga cheia...
Não sei você, mas sabe aqueles
sonhos que nos impactam tanto, que mexem tanto com a gente, que nos incomodam a
ponto de querer voltar a dormir... Ou que bom que acordei?
Às vezes são lutas,
batalhas terríveis e sangrentas, às vezes são viagem e lugares que você nunca
imaginou poder ir... E estava lá, mesmo que em sonho...
Mas em fim, sonhos mais
diversos, porem sonhos que nos chocam, nos marcam e nos impactam profundamente.
Estava na minha casa, não
me lembro se minha esposa e meus filhos estavam, em um primeiro momento não os
vi, dai talvez a liberdade de ter saído para resolver algumas coisas na rua...
E resolvi mesmo, me
lembro de que muitas coisas eu fiz, fui ao supermercado, falei com uns amigos,
passei em outros lugares e acredite, até numa fabrica de cachecóis fiz uma
visita, coisa de sonho mesmo...
Até ai tudo bem, tudo
normal, e um dia absolutamente normal até retornar para casa.
Dai o que eu nunca
imaginei passar e sentir confesso, até agora estou sob o efeito deste
sentimento e digo mais, não desejo a ninguém, é desolador e cruel. É tudo isso
e mais um pouco. Sei que existem palavras, mas nem da para expressa-las no
momento.
Ao chegar à garagem ou um
choro, e junto com o choro, um clamor e desespero...
O choro de agonia, choro
de desespero, choro de medo, choro de solidão.
Quando eu ouvi o choro e
junto com o choro eu pude ouvir a palavra PAI. Meu Deus, o mundo desabou sobre
a minha cabeça, o remorso, o fracasso, a incapacidade, o desprezo, a
futilidade, a falta de compaixão, a falta de amor e carinho... A loucura.
Ao ouvir o chamado, ao
ouvir um chamado por mim, ao perceber que aquele choro repleto de dor vinha da
garganta do meu filho, aquele choro e pedido de socorro através da palavra PAI...
Ao associar toda aquela
amargura, solidão e profundo desespero no choro e no grito por misericórdia expressada
na palavra PAI...
Tudo que estava em minhas
mãos, tudo que eu vinha pensando até aquele momento, tudo desapareceu...
Meu mundo desabou, o
desespero na minha alma tornou-se gigante e uma amargura negra e um gosto
amargo na minha boca, foram os únicos sentidos e percepções que pude ter...
Senti-me numa sala
escura, sem saída, sem frestas ser ar... Fria.
Me senti caindo em um
abismo negro e profundo e sem perspectivas de poder me salvar...
Eu me senti um nada.
Ao olhar para o rostinho
dele, ao ver aqueles olhos inchados de tanto chorar, ao ver um oceano de
lagrimas saindo dos seus olhinhos, ao ouvir vezes por vezes ele dizer, PAPAI,
PAI, PAPAI...
Eu me lancei a ele e de
joelhos o abracei fortemente...
Eu me sentia um inútil,
um imprestável, um mostro, um miserável...
Comecei a chorar...
Eu não conseguia falar
mais nada a não ser pedir perdão ao meu pequeno filho...
Eu chorei
desesperadamente, chorei de medo, chorei de vergonha, chorei de tristeza... Eu não
conseguia mais parar de chorar.
Abraçado com meu filho eu
não consegui pensar em mais nada, somente na minha pequinesa, na minha incapacidade,
no meu erro... Eu chorava muito.
Como eu poderia ter esquecido
o meu próprio filho? Como um PAI poderia ter deixado seu próprio filho só? Como
poderia ter o sido capaz de fazer um ser tão pequeno e indefeso parar por
tamanho horror? Como eu pude deixar isso acontecer?
Quando vinha na minha
mente o que ele teria vivido desde o momento que se sentiu só e abandonado,
esquecido por mim, pelo próprio Pai...
Eu tentava me colocar no
seu lugar e tentar sentir o que ele sentiu nesses momentos de desespero, nesses
momentos de medo, nesses momentos de não me encontrar, nesses mentos sem minha
resposta ao seu chamado...
Eu continuava a chorar e
o abraçava, o beijava e pedia perdão...
Olhar para um lado e para
o outro e ninguém...
Chamar e não ser
respondido...
Procurar uma companhia,
um amigo, o PAI...
O que deve ter passado na
cabecinha dele? Estou destruído até agora.
Recordo-me que eu fiquei
de uma maneira tão abalada e em determinado tempo, meu filho, meu pequeno herói
começou a me consolar, me pedir para parar de chorar e me disse que agora
estava tudo bem... Agora vai ficar tudo bem.
Eu acordei, e confesso
que a manhã não foi legal, meu inicio de dia não foi bom... A lembrança me
torturava.
Lembrava do sonho e
aquele gosto amargo na boca se evidenciava, as lagrimas enchiam meus olhos e um
medo de que algo como isso pudesse vir a acontecer...
O dia se findou, ainda
carregando a dor e um sentimento de tristeza...
Não quero mais ter sonhos
assim e que fique aqui mesmo, somente aqui, nos sonhos.
Infelizmente, essa é uma
realidade de muitos, e o que esmaga o coração é saber que nunca é culpa deles e
sim nossa...
A responsabilidade, o
comprometimento, o carinho, o cuidado, o zelo pelos sentimentos, à atenção e principalmente
o amor de muitos é uma ficção...
Vejo hoje muitos Pais
vivendo isso por escolha, abandonam seus lares, suas casas, suas esposas, seus
filhos...
Não os deixam sozinhos ou
esquecidos por algumas horas do dia, ou quando fazem compras por talvez um mero
esquecimento ou descuido, que para mim isso e trágico e desumano.
Vão embora e os deixam sós,
sem uma palavra de apoio, carinho, incentivo e encorajamento...
Se vão sabendo que seus
filhos ficarão com medo, desesperados e até loucos, se vão.
Às vezes aparecem uma duas
ou três vezes na semana... Os mais desafortunados são socorridos aos finais de
semana somente... Não sabendo que seus filhos, cheios de medo anseiam por nunca
ficarem sozinhos e esquecidos.
Parecer ser rude, talvez
cruel, mas seria bom se todos os PAIS tivessem um sonho como o meu, quem sabe
assim, eu torso que sim, venha a reconhecer e de forma humilde e integra,
retomassem suas responsabilidades, repensasse as vontades e se colocassem no
quarto escuro junto com seus filhos e os visem em suas mais profundas dores, a
da solidão, do abandono e do medo por serem deixados solitários esquecidos e
com medo... Ali.
Com muito temor escrevo
isso a você!
Elizeu Batista de oliveira – 23/11/2021
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