segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Ilhados... socorro!!!

           Com quem falar?
Para quem ligar?
Quem convidar para vir sentar a sua mesa?
Quem pode e deve-se aceitar o convite?
Estamos ilhados!!!
Vivemos dias sufocantes, as pessoas estão sensíveis de uma maneira nunca vista antes...
Não podemos fazer comentários...
Não podemos fazer elogios e nem tão pouco lembrar de situações...
Onde vamos parar?
Sim em uma ilha, particular, isolada e distante.
Lembro de um tempo que as pessoas não se feriam facilmente...
Eu sou de um tempo que minhas orelhas eram alvos de comentários e que minha língua solta me dava apelidos e continuo sendo eu mesmo, com as mesmas orelhas grandes e falastrão como sempre...
Cresci num tempo em que se chamassem minha irmã de bonita passava, só de gostosa que a coisa ficava preta... Eu era um menino!
Tenho que tomar cuidado com a cor, afinal a um mundo de sensibilidade nos roldando a todo tempo...
Os lourinhos eram anjinhos mas os outros... Eramos todos grandes amigos e cada um de nós nos conhecíamos a ponto de tirar de letras qualquer tipo de colocação a nosso respeito. Sabiamos quem eramos.
Se encontro um amigo não posso perguntar pela esposa...
Se revejo uma amiga nem em sonho dizer que ela está bela e bem...
Perguntar pelos filhos... Pode gerar desconforto.
Existe uma tensão, uma preocupação... Não nos conhecemos mais.
Fingimento? medo ou possessividade?
E agora?
Agora é viver dentro das quatro paredes das nossas casas, pois não a mais confiança, conhecimento e posicionamento...
Agora ser do tipo que curte comunhão é perigoso pois o risco de estar perto de alguém e caso aconteça um aperto de mão ou abraço gera revolta, descontentamento, repudio e ódio.
Nos matamos todos os dias de trabalhar e acumular requesas para que nossas ilhas tenha de tudo e mais um pouco para que ninguém sinta falta de nada e que o desejo de se relacionar com outros não nos venha a afetar...
Quem somos?
Um bando de meninos e meninas, imaturos e inseguros...
Um amontoado de seres que temem a própria sombra e não se garantem...
Seres que a cada dia que passa desaprende e se prende em cabrestos e jaulas imagináveis...
Acredito que o mundo será um lugar insuportável não pela falta de recursos, mas  pela falta de relacionamentos pois estamos sensíveis de mais e não suportamos ser contrariados e confrontados.
Será que temos donos? Ou somos donos de alguém?

Elizeu Oliveira
14/09/2020