sábado, 24 de dezembro de 2016

Em tempo!

Barba branca, fios de cores claras na minha cabeça...
Dores estranhas e indesejadas, surpreendentemente aparecem do nada...
Noites não tão confortáveis assim...
Começa-me a faltar paciência...
Estou sem tempo para grandes eventos, me preocupo mais com coisas pequenas, detalhes...
Falo menos, penso mais...
Irrito-me com menos ímpeto...
Observo e reflito com mais clareza...
Estou ficando velho.
Homem... Ó homem que sou...
Tão pequeno e falho...
Mesmo sendo presenteado com anos de vida, costumo não aprender...
Qual a melhor coisa da vida?
De que preciso?
O que anseio?
Onde pretendo chegar?
Vejo o quanto sou cego!!!
Curioso ver que não vejo...
Sim esta é a minha vida, cheia de desencontros, frustações e lamurias...
Esta é a minha vida, frágil pequenina e sem razão...
Esta é minha curta estrada. Curta, pois não alicerçar-me no lugar onde realmente devo.
Pensei um dia que seria eterno...
Passou pela minha cabeça que era detentor de todo o conhecimento...
Enganei-me ao ponto de achar que minhas decisões eram as melhores...
Fui levado por ventos de emoções e enganos que me trancafiaram em uma jaula de vergonha e dor por achar que não conseguiria perdão...
Fui massacrado pelo desejo de voltar e pensar que não seria bem recebido...
Estraçalhado em ver minhas gerações de longe e não poder beija-los toda noite...
Engodado pelo prazer momentâneo que de tão rápido que passou só pude perceber o gosto amargo da tristeza, solidão, remorço, dor e vergonha...
E assim me veio sorrateiramente à morte, não para me levar, mas para me mostrar que ela é real e as demais coisas são passageiras...
Veio à louca de capa preta me dizendo que tudo que eu tinha de nada valia...
Veio a suave brisa gélida para me dizer que ainda não era a minha hora, mas que poderia ser a qualquer momento, me fazendo refletir sobre minha pequenez e fragilidade...
Veio à dona da ronca, não para ceifar a minha vida, mas para me lembrar de que ainda poderia voltar e me redirecionar...
Veio à amiga de todos nos mortais para dizer que nada tenho só a misericórdia e a graça de quem me criou me dando uma nova chance de fazer diferente.
A um grande amigo!

Elizeu Batista de Oliveira em 24/12/2016

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Filhos, ouça-os!!!

Ouça-os!!!


6 E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração;   
7 e as ensinarás a teus filhos, e delas falarás sentado em tua casa e andando pelo caminho, ao deitar-te e ao levantar-te.   


Talvez o que vou dizer aqui hoje possa ser muito duro para alguns...
Talvez rude frio ou ate mesmo egoísta...
Talvez para alguns sirva de grito de liberação...
Talvez vergonha.
Claro que como humano, poderia usar uma palavra que tanto gostamos de usar. Depende, não é bem assim, seu ou meu ponto de vista... Várias colocações poderiam usar...
Mas onde quero chagar? O que quero mostrar? O que quero expor?
Uma questão que é dividida em duas e que tem tamanha seriedade e necessidade, uma questão que já esta explicita a vários anos nesse pequeno texto de Deuteronômio.
Aos pais:
O que tens ouvido?
De quem tens ouvido?
Quais palavras tem ouvido?
Onde tem as guardado?
A quem tem passado?
De que forma tens feito isso?
Tens as aplicado?
Vivido?
Mas hoje vou aliviar um pouco para os pais e deixar somente estas poucas interrogações... 
Claro, todos os pais que assim o quiser e desejar poderão responder e acreditem ficarei muito feliz e horado.
Quero mesmo é falar com você, filho!
Antes gostaria de deixar aqui muito claro a minha total confiabilidade na palavra, e já escrevi sobre isso, defendo.
Respostas e soluções somente em quem nos criou assim um bom recurso é seu manual.
Continuando...
Filhos, vocês conhecem o coração de seus pais?
Sabem de onde vem à força, inspiração e vontades?
Quem as tem dado para eles?
Isso mostra o grau de intimidade de pais e filhos...
Tem ouvido estas palavras?
Têm recebido de bom grado em seus corações tais ensinamentos?
A melhor parte vem agora...
Seu tempo!
Que tempo tem dado para que você possa o ouvi-lo?
Hoje não mais temos tempo...
Como ouvir se não mais sentamos juntos? Não mais estamos à mesa, não mais na sala de estar, na varando ou mesmo no quintal...
Não mais olhamos olhos nos olhos...
Que tarefas temos realizados juntos?
Plantamos juntos?
Colhemos juntos? 
Arrebanhamos juntos? 
Tosquiamos juntos? 
Vamos ao cinema juntos? 
A reunião do corpo de Cristo?
Quanto vamos aos templos, uns na frente outros depois e outros nem vão...
Estar juntos esta ficando insuportável! Que dirá falar, ouvir, aprender...
Se sentado não esta dando, comendo a mesa também não, caminhando de maneira nenhuma, trabalhando impossível, que tal ao deitar?
To pegando pesado? De jeito algum...
Cama de pai e mãe em dias atuais tem espinhos...
Eles são velhos, dormem muito cedo...
Eles são caretas, não da pra ficar deitado ao lado deles...
Eles são preocupados tem que levantar cedo...
Eles não sabem se divertir...
Eles já tem um ao outro, preciso ir me relacionar com alguém.
E assim, o que se tem para aprender ao deitar, passa em brancas e em negras nuvens também, e sua bagagem sem nada, absolutamente nada continua.
Mas, temos uma ultima tentativa... Quem sabe ao levantar?
Ai! eu aqui, passo a mão no rosto, mexo meus cabelos e coço a minha barba já branca e vejo que a esperança se esvai, filhos não levantam cedo. Pra que? Pais que levantam e vão dar conta de tudo...
Filhos não levantam cedo... Estão cansados, pois dormem as madrugadas. Filmes, vídeos, celulares...
Filhos quando levantam cedo, e um cedo atrasado e indo para seus afazeres, escola, trabalho, faculdade, saem correndo e mal da tempo de dar um alô, pedir uma benção ou quem sabe desejar um bom dia...
Então, todas as tentativas de um pai sedento por ensinar tudo aquilo que tem aprendido, com Deus, com a vida, com o trabalho, com a esposa...          Tudo o que poderia ensinar para que o filho(a) se tornasse um homem, uma mulher seguros, autênticos, sóbrios, obedientes, justos, fieis zelosos, cautelosos, mansos, e tantas outras qualidade, fica de lado...
Pais frustrados, pois vem seus filhos passando, vivendo situações que não precisariam estar passando e que se eles estivessem escutado seriam poupados de tantos...
Então a palavra fica morta! Sim morta para aqueles pais que não a ouvem e não a guardam no coração para ensina-las...
Mortas para os filhos que não ouvem, nem se quer se dão ao tempo, mesmo que pequeno, ouvir o que os pais tanto anseiam em dizer e ensinar.
Pergunto: O que vais fazer hoje?
Comprar?
Escolher um carro novo?
Mudar de escola?
Mudar de casa ou apartamento?
Casar?
Viajar?
Antes:
Faça suas refeições com seus pais...
De uma volta com eles e de preferencia a pé...
Deite-se com eles...
Se for o caso e der, levante-se com eles...
Assim, valerá a pena terminar de ler o capitulo deste livro e mais, serás homem ou mulher cheios de sabedoria, livres de desencontros e dores, e terão a oportunidade e condição de formar seus filhos e filhas cheios de virtudes e nobreza.
Elizeu Batista de Oliveira

09/12/2016

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Quem é quem afinal de contas?


Há alguns anos atrás, acredito que já tenha uns 15 anos, estava eu do lado de um jovem que me intrigava muitíssimo...
Vou contar a historia de forma mais clara.
Este amigo que já com alguns filhos criados e alguns morando no estrangeiro e até bem sucedidos, o presenteou com uma pequena propriedade rural. Esta por sua vez abandonada pelo antigo dono, não se via nada além de muito mato e alguns escombros de o que um dia fora uma residência de antigos moradores...
Pois bem, eu morador da cidade de Serra, fui fazer-lhe uma visita e como de costume desse amigo, muito hospitaleiro e generoso me recebeu muito bem e extremamente empolgado queria por todas as formas mostrar-me o presente que hora ganhara de seu filho.
Entramos no carro, e fomos ate a tal propriedade que claro como já disse nada tinha...
Chegamos e ele não deixara de mostrar a felicidade, um homem radiante e empolgado, um homem arrebatado pela alegria do presente.
Então em frente a tudo aquilo e mesmo vendo e sentindo aquela euforia, fiz uma pergunta que morrerei com ela, não mais poderei engoli-la e me mostrando o mais pessimista de todos aprendi uma das maiores lições da minha vida.
Quem é velho? Quem é novo? Como quero viver? Como gostaria eu de viver? ...
A resposta estava na boca... Do meu amigo velho? Do meu amigo novo?
Eu lhe perguntei:
Quando será que veras tudo isso mudado?
E fechei com chave de ouro...
Nossa, ate tudo ficar arrumado!!!
Então meu amigo, que na verdade era aparentemente velho me mostrou que realmente o velho era eu mesmo...
Ele encheu o peito e me disse:
Não se preocupe, em pouco tempo tudo isso estará mudado e esta propriedade produzira muitos frutos e alegrias surgirão deste lugar!
Bem, meu amigo, meu pai...
Meu amigo que tem nada mais nada menos que quarenta anos de vida a mais que eu...
Meu amigo que hoje faz 81...
Meu amigo que já lutou, passou por maus bocados...
Meu amigo que já sofreu perdas...
Meu amigo que continua combatendo um bom combate...
Meu amigo que é meu herói.
Esse cara...
Esse jovem rapaz...
Esse garoto de coração...
Não é perfeito, mas é o que me inspira...
Não é o mais belo, mas o que me encanta...
Não é o mais forte, mas o que me intriga...
Não é o mais sábio, mas é aquele que me deu condições de chegar até aqui.
Quem é o velho? Não quero nem dizer...
Quem é o garotão? Esse sim tem um nome.
ALFREDO BATISTA DE OLIVEIRA, meu pai.
Te amo!

Elizeu B. de Oliveira

06 de dezembro de 2016

sábado, 3 de dezembro de 2016

Mateus – capitulo 1

Quem sou eu? Quem é meu pai? Quem foi meu avô? Quem foi meu bisavô?
Quem foi...
Nestes últimos dias tenho pensado muito sobre esta questão de pessoas que vieram antes de mim e que ações e reações, quais transformações e emoções, o que de fato tenho vivido e repasso de todos estes que me antecederam e como devo seguir para que isso, esse LEGADO, continue.
Hoje vivo de uma maneira insólida no que diz respeito a raízes, às vezes a sensação é que sou uma planta aquática que flutua e flutua e é levada de um lado para o outro sem fundamentos e solidez...
Não que não tenha meus ideais e princípios, não que eu não tenha meu credo e minha fé, não que eu não tenha uma largada e uma chegada, mas o fato de conhecer e entender minhas reais estruturas e por meio delas ter a certeza e a convicção que pertenço, faço parte e sou alguém que de uma maneira sensata e convicta conheça o passado, entenda o presente e se projeta para o futuro a espelhar as gerações que de mim virão.
Temos uma historia cor de pele, do cabelo, cor dos olhos, maneira de agir de falar, preferencias, gostos...
Estas coisas não vem do nada, isso não se cria da noite para o dia, isso não se aprende do nada e sua estrutura é proveniente de quem foi como foi e o que lhe foi passado pelos seus antepassados...
Meu pai, Alfredo...
Meu avo, Hildebrando...
Meu bisavô, não sei...
Isso é terrível...
Quem foram? O que faziam? Como viviam? Suas situações? Suas limitações? Seus sonhos? Seus desejos? Profissão? Eu nada sei... É estarrecedor e vergonhoso... Quem sou se não sei que fui...
E isso se propaga isso continua, isso continua a acontecer e hoje meus filhos continuam como eu, sem saber, sem conhecer e tão pouco se mostram interessados e bem menos instigados a saber...
Serão homens e mulheres vazios, sem base, sem princípios sem legados...
Homens e mulheres desinteressados, sem nome, sem família, sem afeto...
Serão plantas aquáticas com raízes que boiam...
E a pergunta que não se cala...
Quem serei eu? Alguém se lembrará de mim? Deixarei uma historia? Um legado? Meus bisnetos saberão meu nome? O que eu fazia? Gostava? Falava? ... Não sei mesmo, mas, vou o mais rápido possível mudar este quadro e não deixar que uma história familiar, sim, uma história de lutas e vitorias, choros e risos, dores e alegrias, frustrações e realizações...
Não vou deixar que se apague, acabe como um bolo de festa de criança, não vou deixar que meus sonhos, meus projetos e minha crença se evapore, não deixarei que ela desapareça, mas que seja continua e eterna...
Perdurar e nunca acabar, direcionar e fazer por todos notada que somos um como família, princípios e unidade.
Quem sou eu?
Sou um pouco de cada um que me antecedeu...
Não sou único, mas parte de um todo, assim como serão meus filhos, netos, bisnetos e assim sucessivamente...

Elizeu B. de Oliveira – 04/12/2016

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Voltando!

Já há alguns dias eu não passo aqui, já se foram algumas horas e eu nada escrevo. Só observo...
Muitas coisas acredito que tem que ser ditas, muitas coisas tem por obrigação serem escritas e a necessidade avassaladores de muitas e muitas coisa serem lidas...
Quem me conhece, quem lê meus escritos sabe que não sou superficial, e nem quero ser. Confesso que sou medroso, não em todo tempo mas ainda temo algumas coisas.
Isso ao passar do tempo tem se esvaído, o medo tem me deixado e isso tem se revelado de uma forma diferente. Tenho visto não mais nas coisas que me rodeiam mas sim no interior, no meu próprio interior...
Coisas!
Quando falo de medo, tristeza, solidão, ira, remorso, direção, caráter, brio, vontades, choros, respeito, descasos e uma infinita gama de assunto, tento mirar nas coisas do dia a dia, nas coisas a minha volta.
 Isso é bom, isso nos da um norte, sei bem...
 Mas o que tenho experimentado nos últimos meses é que a volta, o retorno ao meu eu, ao interior de mim tem se aflorado refletindo no que falo,  faço e ouço.
Agora, tentar tirar e colocar, fazer e acontecer. Envergar, corrigir e redigir, limpar e maquiar o maior dos vilões, o grande mostro que preso vive e que em alguns instantes se aflora, a ira contida é o amor introduzido, a tendência ao mau e a vontade louca de me espelhar...
A grande mudança nunca se agiganta em pouco tempo, e os fortes um dia foram frágeis bebês de colo...
O tempo muda, molda, trata, afaga, desperta...
O tempo líder, é ditador é consolador...
E a realidade se aflora pois de dentro vem todo o racional e a parceria sua consigo mesmo passa a lhe dizer por experiência própria que a hora de ouvir chegou...
A hora de reduzir chegou...
A hora de esperar chegou...
A hora de entender que de nada se entende de tudo, chegou também...
A hora de entender que o tempo passou e a chance maravilhosa chegou de expor o que agora você encontrou em seu interior...
Ser dito, falado ensinado.
Quem é detentor de toda a sabedoria?
Qual o humano capaz de prever e ver futuro?
Quem pode dizer assertivamente todas as coisas?
Quem pode sozinho ditar normas e regras?
Quem conhece bem a si mesmo ao ponto de não ser cobrado por sua própria consciência?
Somos seres aprendizes que nunca chegaremos enquanto aqui vivermos a plenitude...
Mas poderemos sim, vasculhar os escombros de nossos interiores e quem sabe descobrir em nós algo...
Voltando à essência?
Quem sabe nos dando um tempo chegaremos à humildade de reconhecer que um simples tropeção, uma brincadeira, uma comida, um bala perdida, uma batida de carro, uma queda de avião...
Será possível e suficiente para destruir , derribar e naufragar um sonho...
Assim, procurar a diretriz será muito bom, e através dela nos entender e ver que escolhendo a consciência livre, leve e conectada teremos uma vida melhor, duradoura e sem vícios, sem contratempos, constrangimentos e sobre tudo sem condenação.
O maior vilão dos dias atuais.

Elizeu B. de Oliveira – 01/12/2016