Estive pensando sobre o
tempo, na verdade o passar do tempo e me deparei com a VELHICE.
Incomoda não? Velhice parece uma
coisa pesada, ruim mal quista, indesejável... Bem, foi isto mesmo que em um
rápido momento tirou minha paz e em um outro momento logo a este rápido, mais
rápido ainda me veio à paz...
Como deve ser boa à velhice, como
deve ser bom ter vivido muitos dias.
Tento imaginar como deve ser bom ter passado por tantas situações, claro
que sim, muitas boas, muitas ruins. Mas muitas, muitas e muitas.
Fico pensando meu pai e minha
mãe, já tiveram seus 12 anos e brincaram, e como brincaram... Sofreram, e como
sofreram...
Já tiveram seus 15, 16 anos, já
não brincavam mais, muitas responsabilidades, nesta época elas chegavam mais
cedo, isso porque minha mãe aos 17 anos já era mãe. Mas ela passou por isso e o
tempo passou e envelheceram um pouco mais.
Então vieram filhos, lutas,
pelejas... Mas também vieram sorrisos, prazeres, e saudades, sim estas já os
acompanhavam...
E o tempo passou, e muitas,
muitas e muitas coisas aconteceram, e muitas aconteciam e muitas estavam para
acontecer.
Amigos se foram, amigos vieram,
amizades fizeram...
Muitos nasceram mas também muitos
morreram e o tempo continuou a passar, e todos os dias, por mais longos que
foram, hoje são tão pequenos que nem existem mais.
Governantes se ergueram e caíram,
a economia se transformou, o mundo evoluiu e se desgastou e as coisas não
deixaram de acontecer e eles vivenciando tudo isso.
Hoje, para o meu pai, após 77anos
e minha mãe após 69 anos, tento vislumbrar o que passa em suas cabeças, do que
se lembram, o que traz alegria e o que entristece, o que marcou profundamente e
o que não se lembra mais. Isso é algo que só o tempo é capaz de fazer, só o
passar do tempo.
Então, filhos nasceram, pais
morreram, genros e noras chegaram, netos e bisnetos também.
E o que vira´? O tempo vai dizer! Como? Na
velhice onde todos parecem ter medo de chegar.
Se eu morrer hoje, não terei o
grande prazer de ser velho, e perderei coisas que não gostaria nunca de perder.
O nascimento do meu segundo (a) filho (a), a adolescência de ambos,
relacionamentos e casamento deles. Ver minha adorável esposa cheia de rugas e
poder dizer para ela como fomos bons e como tudo foi irado e louco, amigos e
familiares, contar historias sobre eles e sobre nossas aventuras, olhar no
espelho e ver que nada adianta, nem tinta, tem Pitangui, nem Avon, natura e
boticário, nada, só o grande prazer de ter chegado lá e poder ter tido o
privilégio de ter vivido muitas e muitas, mas muitas coisas mesmo e ter
encontrado de braços abertos à velhice e poder dizer para ela que bom que te
encontrei.
Quero ser velho, quero poder
contar todos os meus dias para ter um coração sábio.
Elizeu.
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